No ultimo dia de outubro se comemora o halloween em algumas culturas. Na Bolívia acredita-se que os mortos visitam os tumulos.
Interessante é ver as familias tradicionais bolivianas indigenas reunidas no cemitério da cidade levando diversas oferendas, geralmente as guloseimas que o falecido gostava prevalecem, para realizar um pique-nique "indie-gótico" com muita música e festa para todos. Altamente woodstock, acho que nesses lugares sempre vou ver alguém tentando vender alguma coisa, algo tipo: "Patrício, antena de rádio para falar com as almas. Apenas, 5 reais!" ou "Troco meu pirão pelo teu macarrão!". Na entrada do cemitério se tiver um semaforo perto acho que galera já esta agilizando aquela perfomace malabares circense para descolar um trocado e dizendo assim: "Muchas graças, señor! Yo soy "palhaço" do circo del Evo Morales!". Seria surreal e politicamente incorreto.
Então embuido de todo esse espirito surreal-woodstock-indigena-boliviana- americanizada fui ao show do "Somos todos brasileiros" do Circo do Marcos Frota, seguido de uma apresentação musical do grupo Paralamas do Sucesso. Tá, eu sei que isso aconteceu quatro dias depois do ultimo dia de outubro, mas essas datas de finados costumam me afetar por durante sete dias. Sempre achei estranho, hoje eu entendo o porque disso, mas isso é assunto pra outro post. Quem sabe?
Sabe aqueles momentos que você olha ao seu redor e vê um cantor que conseguiu vencer a morte e encantou uma geração com as suas músicas e tem ainda hoje os mesmos companheiros de banda a cerca de 27 anos. Aí você para e pensa: "Caramba eu aprendi ouvir isso com o meu pai!". Minha mãe estava ao meu lado na hora do show, curtindo tanto quanto eu, me lembrou que no inicio dos anos 90 quando ainda morávamos no Rio de Janeiro, meu pai levou ela no canecão assistir Paralamas do Sucesso, ela ria "Faz tempo filho, ele ainda tinha cabelo", comentava.
O show só me lembrava o homem do qual herdei o nome. Foi estranho, sentia uma alegria dificil de explicar, o kanarô do Paralamas do sucesso me encantou e viagei naquele canto de alegria. E dancei muito, me diverti com os amigos mais próximos e ofereci pro velho Adaildo que me visitava naquela noite, a mais sincera de minhas alegrias, o kanarô do Paralamas do Sucesso.
E por essas coisas e outras que faço valer as palavras do Che: "Não acredito em bruxas, mas, que elas existem não posso duvidar", numa tradução-tosca-livre-portunhol-style, O kanarô significa saudade no lingua da nação indigena Yawanawá, acredita-se que o poder dessa tribo para se encontrar com o divino seja através do canto. Para alguns isso pode fazer sentido, porém para outros... Quem se importa com os outros?
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moral da história.
"Dizem que pior do que morrer é ser esquecido." Quero ter histórias para que os meus filhos possam se lembrar de mim. Amanhã é um dia importante.
1 comentários:
Que interessante saber que teu nome veio do cara do Paralamas. Legal mesmo.